A gente tem ouvido falar cada vez mais e mais na forma insustentável que a nossa sociedade alcançou em consumo. Mas a verdade é que ainda não sacamos exatamente a que ponto chegamos e qual é o impacto ambiental gerado.
Tá, podemos culpar a indústria do petróleo como a mais poluente, mas temos que saber que a indústria da moda ocupa o terrível segundo lugar… Sim, a moda como a consumimos hoje, a frenética fast fashion, se tornou insustentável.
A indústria da moda, na verdade, é uma grande consumidora de petróleo, isso porque para produzir roupas de poliéster, fibra sintética mais utilizada na indústria têxtil em todo o mundo, são necessários 70 milhões de barris de petróleo todos os anos (com o agravante de que essa fibra demora mais de 200 anos para se decompor).
A indústria da moda não só se tornou insustentável no quesito “poluição” para sua produção (aqui vale ressaltar que a produção de roupas com outras fibras também impactam negativamente o meio ambiente, seja pelo uso de inseticidas e pesticidas quem contaminam solo e água, seja pelo uso da água para cultivo e industrialização), como também no quesito “descarte”…
Sob o conceito da fast fashion, 80 bilhões de itens de roupas são comprados todos os anos no mundo e, com esse consumo acelerado, o descarte delas também se tornou acelerado ao ponto de essa categoria (descarte de roupas) ser a que mais cresce, firmando-se como um problema global.
Só na Grã-Bretanha, 300 mil toneladas de roupas terminam no aterro todo ano e, com a expansão da classe média nos mercados emergentes, estima-se que, globalmente, as vendas até 2050 vão mais do que triplicar, o que, consequentemente, fará aumentar em muito o número de peças descartadas.
Auxiliando na tarefa de recuperar essas peças descartadas, uma empresa no Reino Unido tem como atividade processar e exportar roupas e panos de limpeza. Savana Rags faz a reciclagem de têxteis, coletando roupas descartadas em bancos têxteis, autoridades locais, escolas, etc; depois classificam e as preparam para serem enviadas a diversas partes do país e do mundo (países da África e Dubai figuram como seus maiores compradores).
A Savana Rags está auxiliando a reduzir a quantidade de roupas em aterros sanitários, mas noticia com lástima que apenas 15% dos resíduos têxteis produzidos seguem e são recuperados pela indústria de reciclagem. A lástima maior é que 90% do que vai para os aterros sanitários seriam perfeitamente recicláveis…
Mas usar roupas “da útima moda” pode ser, sim, menos impactante…
É o que propõe a empresa Rent The Runway, trazendo para sua atividade o conceito de compartilhamento, em sintonia com a ideia de consumo consciente e diminuição de peças de roupas a serem descartadas.
A Rent the Runway oferece aluguel de roupas e acessórios de grife por 4 a 8 dias por um preço próximo a 10% do valor da peça no varejo; no preço do aluguel está incluído lavagem a seco e cuidados com a roupa. Não à toa, a Rent the Runway possui a maior instalação de lavagem a seco do mundo.
Por aqui eu conhecia as empresas que alugavam roupas para grandes eventos (casamento, formatura, etc); eu mesmo aluguei diversas vezes vestidos de festa que sabia que nunca mais usaria na vida… Mas a ideia explorada pela Rent the Runway foi incrível ao deixar acessível roupas estilosas para qualquer ocasião… Amei!
Mas conheço outra ideia antiga, bem legal e que também é bem conhecida por vocês: são os queridos brechós! Sua ideia também é bem alinhada com o consumo consciente e com upcycle e que acaba aumentando o ciclo de vida útil da peça de roupa e, ainda, repercutindo na diminuição dos descartes de roupas para aterros sanitários.
São lojas que vendem roupas, calçados, acessórios usados e uma visita a um brechó nunca pode ser com pressa… Por lá descobre-se peças únicas em um verdadeiro garimpo. E o melhor, com preço bem bacana…
Aqui em Londrina/PR contamos com brechós maravilhosos que podem ser conferidos aqui no portal Londrinando , principiando pela loja da amiga Lu e de seu encantador cãozinho Zé (5ª. Avenida Brechó – @5avbrecho)…
O problema da fast fashion é gigante… O que tratamos aqui foi uma pequenina parte dele, mas a certeza que tenho é que temos, todos, que repensar para ontem a nossa forma de consumir tudo e, daí, partir para ideias que oportunizem negócios em vender menos e que causem o menor impacto negativo possível no meio ambiente e na sociedade…
É isso…