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Impacto positivo na economia? Será que vira?

É certo que a pandemia já está sendo considerada como a maior aceleradora de tendências, maior propulsora global de mudanças dos últimos tempos…

Também é certo que a pandemia foi como um grande holofote jogando luz sobre questões urgentes e de que a sociedade já estava necessitada (especialmente a nossa): falhas na infraestrutura, na saúde pública, na educação, essa última, então, travada no tempo lá da revolução industrial…

É interessante que nesse cenário todo é possível notar sinais de mudanças no comportamento das pessoas, claro, de diferentes formas entre as gerações, mas muito se tem falado sobre as manifestações de medo e as incertezas ambientais e financeiras aparecem como as principais preocupações independente da faixa etária.

Mas, em nossa última conversa, falávamos sobre mudar nosso mindset para deixarmos de ser exploradores para impactarmos positivamente as nossas relações e a nossa sociedade… Falamos de empresas que já têm encabeçado esse movimento de promoção do impacto positivo, desenhando o que será um novo capitalismo, onde todos ganhem…

E, apesar desse medo generalizado (especialmente em razão do contágio emocional e viralização on-line, rapidamente transmitido em nível global ante as ditas incertezas ambientais e financeiras), fiquei muito impressionada em ler uma reportagem que trouxe uma notícia que entendi como incrível; é que Amsterdã, capital holandesa, resolveu adotar uma alternativa ao crescimento desenfreado: a chamada Economia Donut como um modelo viável para a reconstrução do mundo pós-COVID-19.

Parece engraçado, mas o termo “economia donut” foi criado pela economista britânica Kate Raworth em livro homônimo, “Economia Donut: Sete maneiras de pensar como um economista do século XXI”, lançado em 2017 e traduzido no Brasil pela editora Zahar no ano de 2019.

Economia Donut, alguns exemplares para venda na Estante Virtual.

Quando eu disse incrível, estava me referindo à ideia desenvolvida por Raworth como um novo modelo econômico em que sugere a implementação de transformações objetivando a prosperidade em equilíbrio com o planeta, abandonando a obsessão pelo crescimento ilimitado a qualquer custo e propondo um sistema no qual as necessidades de todos são satisfeitas sem esgotar os recursos naturais.

Opa! Aí, sim! Aí estamos falando verdadeiramente de impacto positivo. Não é incrível?!

Bom, como estava dizendo, Amsterdã resolveu adotar esse novo modelo e ela será o “donut”. Raworth propõe trocar a curva de crescimento infinito do Produto Interno Bruto (PIB) por um círculo, a rosquinha. No anel interno estão o acesso à água potável, alimentação, moradia, saúde, educação, renda, igualdade de gênero, justiça, voz política – o mínimo necessário para levar uma “vida boa”, derivada dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU e acordada pelos líderes mundiais de todas as esferas políticas. Qualquer pessoa que não atinja esses padrões mínimos entende-se que está vivendo no buraco da massa. O anel externo da rosquinha representa o teto ecológico traçado pelos cientistas em relação ao planeta.

A partir daí perde sentido o modo clássico como o desempenho econômico é medido, seja por meio do PIB ou crescimento da renda nacional. No modelo Donut não haveria um único índice substituto, mas sim uma gama de indicadores sociais e ambientais, para além dos econômicos, a exemplo de métricas referentes a estabilidade do clima, saúde dos solos, acesso à água potável, saúde das pessoas, educação, habitação e distribuição de renda.

Além do mais, a métrica do PIB também não alcança a economia digital, seus serviços intangíveis e o trabalho desmaterializado, além de ser incapaz de estimar o padrão de vida de uma sociedade.  Quando ocorre um furacão ou uma enchente devastadora (ou tantas outras situações ruins, como um derramamento de óleo), os esforços de reconstrução fazem o PIB aumentar, não obstante toda a destruição e todas as perdas trágicas enfrentadas pela população, sendo considerado geração de riqueza e bem-estar econômico.

Infográfico de Amanda Monteiro, para matéria na Veja.

Não sou economista e você pode me achar bem sonhadora, mas para a administração pública de Amsterdã (IDH de 0,933 – muito alto) estar adotando um modelo econômico tão inovador, não parece que a teoria da professora Kate Raworth (Instituto da Mudança Ambiental da Universidade de Oxford) seja só um pãozinho doce…

Estão vendo como impactar positivamente é a tendência da nossa sociedade; já disse outrora: impactar positivamente deveria ser o propósito de todos nós

Bisous, Sil.

Bonjour Paris

Bonjour Paris é uma empresa com sede em Londrina-PR, dando novas utilidades a materiais descartados mas potencialmente úteis, e fabricando produtos somente sob demanda.

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