No último artigo publicado no nosso blog falamos sobre o cultivo de plantas em casa e como isso tornou-se tendência ante a pandemia pela necessidade de permanecermos mais tempo em nossos lares, para quem trabalha ou estuda em regime de home office; a pandemia despertou o desejo de se cuidar melhor do ambiente, tornando-o mais acolhedor e, cuidar de plantas gera uma sensação de bem-estar e tem funcionado como terapia para muitos.
Tornar a casa um “lugar de tudo” foi a grande demanda para quem precisou fazer seu trabalho ou seus estudos pela via remota; o home office gerou a necessidade de repensar o ambiente doméstico, com adaptação de cômodos para que ficassem mais aconchegantes e funcionais de forma a permitir a realização das várias tarefas cotidianas.
Sempre pensei na minha casa como o “meu lugar no mundo”, mas nunca tinha pensado nela como hub. E foi assim que o relatório “A CASA E A CIDADE – IMPACTOS DA PANDEMIA NA VIDA URBANA, TENDÊNCIAS E INSIGHTS – setembro 2020”, elaborado pela plataforma A Vida no Centro sob o comando de pesquisa, texto e edição dos jornalistas Denize Bacoccina e Clayton Melo, identificou os lares de quem tem a experiência de trabalhar e/ou estudar remotamente.
A casa é o lugar de tudo: “vida familiar, profissional e social. É o lugar para morar, trabalhar, empreender, se divertir, estudar e se exercitar. É A CASA COMO POTÊNCIA”, segundo o report. É um novo morar, tendência que deve se manter já que a experiência de trabalhar em casa agradou trabalhadores e empresas, especialmente com a adoção da forma híbrida: alguns dias em casa, outros na empresa. Muitas empresas já afirmaram que o trabalho remoto será uma opção permanente (o Banco do Brasil vai adotar home office para 30% da equipe depois da pandemia e, a XP decidiu que todos os funcionários podem trabalhar remotamente):
E o “novo morar” envolve ter a casa também como local para atividades físicas, situação que demandou plataformas com ofertas de aulas online, bem como serviços digitais por grandes redes de academia.
E a cozinha, então? Segundo o relatório, ela foi redescoberta! É que, “com os restaurantes fechados – e agora, com as restrições e os riscos – muita gente foi para a cozinha. E gostou. Pesquisa A Vida no Centro/ SP Turis mostra que 67% passaram a cozinhar mais em casa, sendo que 7,2% aprenderam a cozinhar neste período. E 76% pretendem continuar comendo em casa mesmo com a reabertura dos restaurantes. Além disso, no setor de alimentação houve uma migração do comércio físico para o online. A pandemia fez o brasileiro perceber que não necessariamente precisa ir a um restaurante para comer bem. Pode cozinhar. Ou pedir comida.”
E o que falar da “pãodemia”? O pão caseiro tornou-se símbolo da quarentena, faltou fermento no mercado, a venda de batedeiras planetárias aumentou e a fermentação natural ficou tão em voga que até a indústria de panificação resolveu entrar nessa onda, oferecendo produtos artesanais…
O report “A CASA E A CIDADE – IMPACTOS DA PANDEMIA NA VIDA URBANA, TENDÊNCIAS E INSIGHTS – setembro 2020” traz muitas informações bacanas e interessantes sobre a consequência do trabalhar e estudar em casa além da transformação do ambiente doméstico, como o fortalecimento do comércio de bairro, do senso de comunidade e reconexão com a vizinhança e reorganização da dinâmica da cidade com o surgimento de novos centros já que passou-se a consumir no bairro de residência e, não mais no local onde a empresa estava instalada.
“Talvez passemos a viver um pouco mais o bairro. A grande maioria das pessoas que trabalha em escritório vive o bairro no sábado e no domingo. Talvez a gente aprenda a viver a vizinhança almoçando perto de casa num dia de semana porque estamos fazendo home office”, disse em entrevista ao A Vida no Centro o arquiteto Antonio Mantovani Neto, do escritório Pitá, que projetou os escritórios do LinkedIn, Cubo Itaú e Civi-co, entre outros.
Ainda, a partir do relatório elaborado pela plataforma A Vida no Centro, podemos identificar outras mudanças de comportamento em razão da pandemia, como a forma de consumir, o resgate do “fazer manual”, a casa como local para empreender e, o lazer e a cultura digitais.
Sem dúvida, também como pessoa que tem trabalhado em regime de home office, concordo com o relatório quando afirma que “é em casa que se exerce o trabalho, o estudo, as refeições, o entretenimento, a cultura, os exercícios físicos e até a socialização com os amigos (mesmo que virtual). De local de descanso, virou a casa de tudo”. E, de quebra, estamos tendo a oportunidade de enxergar nosso bairro de outro jeito.
O que percebo é que a nossa reação e adaptação às situações de riscos e de restrições que a covid-19 nos impôs foram muito rápidas, o que fez diversos especialistas do mundo afirmarem que a pandemia foi uma aceleradora de tendências. Penso que todos nós buscamos fazer o nosso melhor com o que tínhamos disponível para fazer do nosso hoje um “bom dia” e tenho certeza que, da forma como fomos impactados, buscaremos mudar nossa vida e a de nossa comunidade para “um bom dia para o amanhã”.
Bom, é isso…